sexta-feira, 29 de junho de 2012
Pedro
Por Gustavo Gonçalves
Pedro iria, naquela manhã, acordar lentamente, levantar-se da cama, calçar os chinelos, rumar ao banheiro, sentir preguiça, lavar o rosto, escovar os dentes sentindo preguiça, olhar umas quatro vezes para o espelho e andar até a cozinha para tomar um café da manhã. Mas Pedro tem câncer.
Pedro iria sair de casa para a escola, pois ele tem quatorze anos, iria para o carro, esperaria seu pai chegar para levá-lo, ligaria o rádio, ouviria uma boa música, olharia a paisagem do trajeto pela janela do seu lado direito, chegaria na escola e sentaria em sua carteira, riria com seus amigos antes do professor chegar. Mas Pedro tem câncer maligno.
Pedro iria ao centro da cidade com seus amigos depois da aula, compraria um refrigerante, comeria um lanche, iria a uma lan house, seguiria para a casa de um de seus amigos para jogar futebol, depois se divertiria com jogos de video game. Mas Pedro está em estado terminal.
Pedro voltaria contente para sua casa, tomaria um banho, entraria na internet, assistiria a um programa de TV, jantaria, abraçaria sua mãe, passaria fio dental, escovaria os dentes, deitaria em sua cama, pensaria em seu dia, lembraria de seus amigos, sonharia com as pessoas que ama. Mas Pedro morreu hoje, sozinho em uma maca de hospital.
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