Crescer...
Por Jaqueline Masotti
Sim, é essa a palavra que sempre me assombrou. O motivo? Bom, o principal seria abandonar todo o mundo de fantasias em que eu vivia quando criança. Entretanto esse não é o único motivo. Há uma lista de proporções astronômicas na qual haveria todas as razões para eu aceitar o convite de Peter Pan, caso ele aparecesse em minha janela. E, dentre todas essas razões, aquela que mais me corroí são os presentes que as pessoas deixam de nos dar com o passar dos anos. Sim! Não que eu seja materialista, mas ser lembrado e mimado com algo é sempre agradável. E por mais que eu filosofe a respeito desse assunto, percebo que as pessoas começam a esquecer da gente conforme nós crescemos. Sim! Isso é tão assombroso quanto o fato de crescermos. Com o tempo, vamos perdendo a magia que cerca a nossa infância, e as pessoas deixam de tentar se mostrar agradáveis aos nossos brilhantes e esperançosos olhos infantis. Elas passam apenas a existir ao nosso redor, sem viver em nossas vidas.
Não há mais a necessidade
de nos "impressionar" ou de tentar criar laços afetivos, pois elas já
os fizeram em nossa infância. E isso me perturba. Por que tentar nos atrair só
com presentes? Por que não com sabedoria? Ou com pequenos momentos de alegria?
Presentes se acabam, se deterioram e se esquecem. Nossas memórias resistem às
tempestades. Esse estado, ouso dizer poético e até onírico, permanece
impregnado em nós para toda a nossa existência. Mas os presentes não. Talvez eu
possa estar enganada. Meu lado pessimista e depressivo manifesta-se dizendo que
quando éramos mais novos as pessoas nos amavam e, agora, perderam esse amor
todo. Não. Isso é altamente negativo. Prefiro pensar que os presentes
costumavam ser apenas uma armadilha. Ou talvez uma forma de dizer "me
importo com você". Ainda assim, preferiria estar na Terra do Nunca, mesmo
que lá eu fosse esquecida, ao menos meus momentos não passariam em branco.
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