terça-feira, 15 de maio de 2012

Especial: Coluna Europeia (Parte 3)
Por Sheila Nascimento

                                      Continuação

Conhecemos dois brasileiros no hostel e com eles fizemos nosso passeio do outro dia. O destino era a cidade do Vaticano. Atravessamos Roma, apreciando-a em todos os detalhes. Também não economizamos nas fotos, pois em cada esquina nos deparávamos com uma fonte diferente, um prédio histórico ou mesmo aquelas ruelas típicas da civilização europeia. “Ridículo é saber que todos esses projetos são apenas obras de Michelangelo e Bernini, por exemplo. Mais ridículo é pensar que foram construídas devido a algum marco histórico.” Passamos pela Piazza di Spagna e seguimos em direção à Piazza del Popolo, dois sítios muito visitados pelos turistas. A propósito, turista é o que não falta naquela cidade! Sei que não conheci a Itália ao visitar Roma, pois a coisa mais difícil de ser encontrada em Roma é um romano. A cidade foi invadida pelos imigrantes também, frequentemente africanos e indianos. Foi só depois de atravessarmos o Rio Tevere e o Castel Sant’Angelo que avistamos a entrada do Vaticano. Eu estava ansiosa. 

                             Rio Tevere e Ponte Umberto I.


A primeira sensação foi de que a praça e a basílica não eram tão grandes quanto eu imaginava. Mas bastou uma maior aproximação para minha mudança de opinião. Assim como muitas igrejas de Roma, a Basilica

                            Fachada da Basilica di San Pietro.


                             Interior da Basilica di San Pietro mostrando o Baldaquino de Bernini. 


di San Pietro é um verdadeiro império. Com colunas jônicas e coríntias tão altas que parecem que vão tocar o céu. A Basilica di San Pietro foi construída entre 1507 e 1607, com a participação de grandes arquitetos, como Bramante, Raffaello, Sangallo, Michelangelo e Maderno, durante o período renascentista, mas Bernini também deixou sua influência barroca. No seu interior, a basílica é ainda mais imensa. Composta por inúmeras capelas, a igreja é organizada para que os turistas possam percorrer suas laterais por um sentido único, para evitar tumulto. É logo na entrada que se encontra, protegida por um vidro blindado e por dezenas de chineses que chegaram antes de você, a escultura La Pietà de Michelangelo, considerada sua obra de acabamento mais elaborado. O centro da basílica revela surpresas: o Baldaquino de Bernini, uma riquíssima obra tipicamente barroca, e o altar principal, do mesmo artista. Mas logo minha atenção foi roubada pela gigante cúpula que pode ser vista de todos os cantos de Roma. Elaborada por Michelangelo e Giacomo della Porta, no mais perfeito estilo renascentista, esta obra dá vida ao interior da basílica por criar uma iluminação impecável ao ambiente. E mais uma vez é o mármore que desenha o piso de toda a basílica, sob a forma de brasões circulares.
Uma pausa para o almoço, em um ristorante que me serviu o melhor panettone de todos os tempos: massa leve e macia coberta com um divino açúcar de confeiteiro. Em sentido literal, os italianos comercializam comida. É certo que a cozinha italiana é uma das mais influentes do mundo, e certamente os italianos sabem disso. Os garçons avistam de longe os possíveis turistas que procuram por uma boa pasta, oferecem menus e negociam preços. Mas se mostram verdadeiros italianos quando ficam à espera de um elogio pós-degustação, pois para eles não há nada mais importante na vida do que cozinhar e comer. Sem dúvida, a dignidade de um homem na Itália se mede na cozinha!

                            O melhor panettone de todos os tempos.


Os Musei Vaticani concentram um inestimável patrimônio artístico. Imaginem um imenso prédio em que cada chão, parede ou teto tenha sido minuciosamente arquitetado com a única finalidade de transmitir beleza e perfeição. Abrigam desde obras da pré-história até do período do renascimento e arte bizantina, incluindo importantes acervos egípcios e gregos. Fiquei fascinada com os gigantes corredores de tetos trabalhados e paredes cobertas com tapetes (arazzi, em italiano) de estampas religiosas ou conquistas territoriais romanas, sob um ambiente de luz dourada. Mas as capelas são a grande sensação do museu. Transmitem geralmente temas cristãos através de afrescos magníficos que cobrem todo o ambiente com cores suaves e detalhes dourados. A Stanza della Segnatura contém os afrescos mais famosos de Raffaello: a sala sinaliza o começo do Alto Renascimento. Originalmente, Julius II usou a sala como sua livraria e quarto de estudo privado. O esquema iconográfico dos afrescos, pintados entre 1508 e 1511, reflete seu uso. A Cappella Sistina é a sala mais procurada do museu, seja devido à sua importância religiosa (é o local utilizado para a realização dos conclaves), seja por sua importância artística. Através de afrescos de figuras vigorosas e dramáticas, suas paredes e seu teto representam cenas bíblicas que abrangem desde a criação do mundo até o juízo final.

                            Teto da Stanza della Segnatura, de Raffaello. Musei Vaticani. 


Laocoonte e seus filhos no coração do museu. Musei Vaticani.

Vista da cúpula da Basilica di San Pietro, a foto mais bonita da viagem! Musei Vaticani.


 Realmente, uma obra maravilhosa de Michelangelo, Raffaello e outros artistas renascentistas. A arte grega também ganha espaço no museu, com esculturas de deuses e imperadores de perfeitas formas físicas. Para mim, o destaque foi a obra Laocoonte e seus Filhos, uma dramática escultura helenística. No acervo egípcio, encontramos sarcófagos, máscaras funerárias e até múmias. Vasos do período Neolítico ainda compõem algumas salas. Tivemos o privilégio de ver também O Pensador, de Rodin, em exposição temporária. E então, por profundas escadas de caracóis, deixamos os Musei Vaticani. 

(Continua na próxima terça)

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