Especial: Coluna Europeia
Por Sheila Nascimento
Continuação
Tudo o que eu
desejava era uma bela pasta de estreia. Não me decepcionei. Pedi uma al sugo di pomodoro, que me apeteceu aos
olhos. E agora peço licença aos grandes cozinheiros, inclusive à minha mãe, a
fim de vangloriar a arte italiana de cozinhar! Contento-me em agradecer pelo
fato de que provei a verdadeira pasta italiana, uma iguaria indescritível.
*Minha primeira pasta italiana. Perfetta.
O requisito mínimo
para que seja confeccionado um mapa de Roma é fazê-lo com os nomes de todas as
ruas, vias e becos, com o cuidado de que não seja esquecida nenhuma, por menor
que possa ser, por mais insignificante que possa parecer. Acreditem, nem o macho mais orientado do
mundo seria capaz de encontrar a saída daquele labirinto nomeado cidade de
Roma! E aquela história toda de berço da civilização europeia? Já não bastassem
as ruas desconexas, o trânsito é algo desafiador: não se ousa atravessar uma
faixa de pedestre antes de vinte tentativas fracassadas, pouco amor à vida e a
colaboração de algum motorista romano que se lembre da existência de um freio.
Foi nesse cenário que fizemos nosso primeiro passeio. A pouca luz do fim de
tarde nublado não levou a cidade aos bastidores; antes, a minha sensação era de
que o espetáculo estava apenas começando.
“Não era tudo o que
eu imaginava”, é o que digo ao chegar a qualquer lugar do mundo. Foram raras as
ocasiões nas quais fiquei realmente encantada à primeira vista, talvez quando
pisei em London. Mas
a questão é que vou acostumando-me aos pouquinhos, a cada hora, cada passo,
cada esquina. E, quando percebo, já me considero parte daquele lugar, como se
estivesse ali há muito, sabendo os caminhos até o supermercado, o café e as
lojas das roupas mais bonitas da cidade, as linhas de metrô e a maneira como os
nativos se comportam. Minha paixão tende a aumentar a ponto de eu prometer
voltar àquele lugar quando as condições permitirem, e, quando ocorre a grande
despedida, crio ilusões concretíssimas de como seria a minha vida naquele
pedacinho de céu. Foi exatamente o que aconteceu com Roma.
Passamos por uma
área aberta que abrigava sarcófagos, colunas, esculturas e túmulos funerários,
pela Piazza della Repubblica e pela Basilica Santa Maria degli Angeli e dei
Martini, onde eu fui apresentada àquele que seria minha maior admiração da arquitetura
romana: o mármore! As gigantes colunas que sustentam as igrejas, o piso, o
revestimento das paredes, tudo é composto pelo mármore de todos os tipos
existentes, os mais caros e raros da época, formando um ambiente colorido e
requintado.
*Interior da Basilica Santa Maria degli
Angeli e dei Martini.
*Área
contendo ruínas romanas.
*Piazza della Repubblica.
Da Piazza della
Repubblica, seguimos pela Via Nazionale, uma grande avenida de lojas de grife,
ainda visitamos duas igrejas já à noitinha e terminamos nossa jornada tomando o
metrô de volta ao hostel. Roma tem um transporte de metrô péssimo, pois oferece
apenas duas linhas, a azul e a vermelha, que se cruzam na estação central. Em
horários de pico, elas ficam congestionadas e, nesses momentos, respirar se
torna uma tarefa demasiadamente complicada. Em compensação, dizem que os ônibus
funcionam bem, mas turistas geralmente não têm fácil acesso ao trajeto
percorrido, portanto caminhar é a melhor opção mesmo.
(Continua na próxima terça)
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