terça-feira, 8 de maio de 2012



Especial: Coluna Europeia
Por Sheila Nascimento


                                                Continuação


Tudo o que eu desejava era uma bela pasta de estreia. Não me decepcionei. Pedi uma al sugo di pomodoro, que me apeteceu aos olhos. E agora peço licença aos grandes cozinheiros, inclusive à minha mãe, a fim de vangloriar a arte italiana de cozinhar! Contento-me em agradecer pelo fato de que provei a verdadeira pasta italiana, uma iguaria indescritível. 

*Minha primeira pasta italiana. Perfetta.

O requisito mínimo para que seja confeccionado um mapa de Roma é fazê-lo com os nomes de todas as ruas, vias e becos, com o cuidado de que não seja esquecida nenhuma, por menor que possa ser, por mais insignificante que possa parecer.  Acreditem, nem o macho mais orientado do mundo seria capaz de encontrar a saída daquele labirinto nomeado cidade de Roma! E aquela história toda de berço da civilização europeia? Já não bastassem as ruas desconexas, o trânsito é algo desafiador: não se ousa atravessar uma faixa de pedestre antes de vinte tentativas fracassadas, pouco amor à vida e a colaboração de algum motorista romano que se lembre da existência de um freio. Foi nesse cenário que fizemos nosso primeiro passeio. A pouca luz do fim de tarde nublado não levou a cidade aos bastidores; antes, a minha sensação era de que o espetáculo estava apenas começando. 
“Não era tudo o que eu imaginava”, é o que digo ao chegar a qualquer lugar do mundo. Foram raras as ocasiões nas quais fiquei realmente encantada à primeira vista, talvez quando pisei em London. Mas a questão é que vou acostumando-me aos pouquinhos, a cada hora, cada passo, cada esquina. E, quando percebo, já me considero parte daquele lugar, como se estivesse ali há muito, sabendo os caminhos até o supermercado, o café e as lojas das roupas mais bonitas da cidade, as linhas de metrô e a maneira como os nativos se comportam. Minha paixão tende a aumentar a ponto de eu prometer voltar àquele lugar quando as condições permitirem, e, quando ocorre a grande despedida, crio ilusões concretíssimas de como seria a minha vida naquele pedacinho de céu. Foi exatamente o que aconteceu com Roma. 
Passamos por uma área aberta que abrigava sarcófagos, colunas, esculturas e túmulos funerários, pela Piazza della Repubblica e pela Basilica Santa Maria degli Angeli e dei Martini, onde eu fui apresentada àquele que seria minha maior admiração da arquitetura romana: o mármore! As gigantes colunas que sustentam as igrejas, o piso, o revestimento das paredes, tudo é composto pelo mármore de todos os tipos existentes, os mais caros e raros da época, formando um ambiente colorido e requintado.

                            *Interior da Basilica Santa Maria degli Angeli e dei Martini. 

*Área contendo ruínas romanas.
*Piazza della Repubblica.

Da Piazza della Repubblica, seguimos pela Via Nazionale, uma grande avenida de lojas de grife, ainda visitamos duas igrejas já à noitinha e terminamos nossa jornada tomando o metrô de volta ao hostel. Roma tem um transporte de metrô péssimo, pois oferece apenas duas linhas, a azul e a vermelha, que se cruzam na estação central. Em horários de pico, elas ficam congestionadas e, nesses momentos, respirar se torna uma tarefa demasiadamente complicada. Em compensação, dizem que os ônibus funcionam bem, mas turistas geralmente não têm fácil acesso ao trajeto percorrido, portanto caminhar é a melhor opção mesmo. 

(Continua na próxima terça)

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