Especial: Coluna Europeia
Por Sheila Nascimento
Continuação - Final
Deixando de lado
todo o encanto do Renascimento, havia chegado o momento de vivenciar toda a
grandeza do Império Romano. Nosso passeio do dia seguinte contou com a ilustre
presença de um indonesiano que conhecemos no hostel. As principais ruínas do
império se concentram em uma região da cidade. Nesta área se encontram o
Colosseo, o Palatino e o Foro, além do parque onde funcionava o Circus
Massimus. Sim, fiquei fascinada com tudo o que me foi apresentado naquele
lugar! As abóbadas do grande anfiteatro saíam dos livros de arte e se
materializavam diante dos meus olhos; senti-me pequenina dentro do Colosseo.
Imaginei como os espetáculos aconteciam lá dentro, o barulho da multidão e onde
os espectadores se sentavam para assistir às caçadas e às batalhas navais e de
gladiadores. Verdadeira política de pão e circo. Achei o máximo. Tanto quanto
os arcos de triunfo de Constantino e Tito. Tanto quanto as ruínas do Palatino,
que me instigaram ainda mais a imaginação: templos representados apenas por
colunas, basílicas e fóruns dos quais restavam algumas pedras, regiões ainda em
escavação. Riqueza!
Colosseo
di Roma.
Vista
geral das ruínas romanas.
Já era noitinha quando chegamos à Piazza
del Campidoglio, projetada por Michelangelo. Um lugar simpático que é o coração
do museu que abriga a fabulosa obra de bronze da loba alimentando os irmãos
Romolo e Remo. Muito próximo se encontra um prédio lindíssimo, o Vittoriano,
que recebe muitos turistas devido a exposições temporárias. As luzes dão um
encanto à cidade noturna, que nesse momento se apresenta para o segundo ato do
espetáculo, este mais glamoroso e convidativo. A Fontana di Trevi aparece no
palco, e todas as luzes da cidade se voltam para ela. A água que jorra da fonte
dos deuses parece mágica e capaz de envolver todos os desejos. Uma curiosidade:
dizem que cerca de 4000 euros são arrecadados toda semana graças aos turistas
que não hesitam em seguir a tradição de lançar uma moedinha para que possam
assegurar seu retorno à cidade histórica.
Detalhe
da Fontana di Trevi.
Pantheon.
Restava apenas um
dia naquele lugar encantado. Ainda na dúvida sobre o que fazer para aproveitar
os últimos momentos, dois lugares eram prioridade no nosso roteiro: o Pantheon
e a Chiesa San Luigi dei Francesi. Passamos rapidamente por uma exposição de
imigração italiana no Vittoriano, derretemo-nos por uma loja do Pinocchio
todinha de madeira e almocei um spaghetti
a carbonara. O Pantheon foi o grande templo pagão dos romanos, mas
atualmente é um local cristão. Seu formato redondo era uma reverência ao deus
Sol. O mais curioso lá dentro se encontra acima dos olhos: a abertura central
do teto, que confere toda a luminosidade do ambiente. E sim, chove lá dentro! Grande
surpresa também tive ao entrar na Chiesa San Luigi dei Francesi. Uma igreja
pequena e comum, não fosse pela magnífica obra barroca presente no altar
principal: La Vocazione di San Matteo,
de Caravaggio. Eu já havia visto Caravaggio no Louvre, mas foi diante das
pinturas da vocação que compreendi o que o diferenciava de todos os artistas. A
iluminação de suas pinturas no jogo claro-escuro é inconfundível e de uma
perfeição tamanha que sentimos como se uma lâmpada estivesse acesa na cena
real. Meu dia já havia valido a pena.
Despedimo-nos
da cidade passando pela aconchegante Piazza Navona e seguindo pelo Corso
Vittorio Emanuele, Piazza Venezia e Via Nazionale, até que chegamos à estação Termini
novamente, onde tomaríamos um ônibus rumo ao aeroporto. Eu estava deixando Roma
com a sensação de ter acabado de assistir a um filme que tem continuação. No
mínimo uma trilogia. Eu sei que preciso voltar àquele lugar. Ao menos para
matar a vontade do gelato e do caffè. Para visitar alguns museus. Para
comprar roupas. Para viver o espetáculo mais uma vez e descobrir muitos outros
tesouros...
Uma
dica: evitem passar a noite em um aeroporto!
Eu viveria para
sempre em uma rua como esta.
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