terça-feira, 22 de maio de 2012


Especial: Coluna Europeia
Por Sheila Nascimento

                                           Continuação - Final


Deixando de lado todo o encanto do Renascimento, havia chegado o momento de vivenciar toda a grandeza do Império Romano. Nosso passeio do dia seguinte contou com a ilustre presença de um indonesiano que conhecemos no hostel. As principais ruínas do império se concentram em uma região da cidade. Nesta área se encontram o Colosseo, o Palatino e o Foro, além do parque onde funcionava o Circus Massimus. Sim, fiquei fascinada com tudo o que me foi apresentado naquele lugar! As abóbadas do grande anfiteatro saíam dos livros de arte e se materializavam diante dos meus olhos; senti-me pequenina dentro do Colosseo. Imaginei como os espetáculos aconteciam lá dentro, o barulho da multidão e onde os espectadores se sentavam para assistir às caçadas e às batalhas navais e de gladiadores. Verdadeira política de pão e circo. Achei o máximo. Tanto quanto os arcos de triunfo de Constantino e Tito. Tanto quanto as ruínas do Palatino, que me instigaram ainda mais a imaginação: templos representados apenas por colunas, basílicas e fóruns dos quais restavam algumas pedras, regiões ainda em escavação. Riqueza!

Colosseo di Roma.

Vista geral das ruínas romanas.

           Já era noitinha quando chegamos à Piazza del Campidoglio, projetada por Michelangelo. Um lugar simpático que é o coração do museu que abriga a fabulosa obra de bronze da loba alimentando os irmãos Romolo e Remo. Muito próximo se encontra um prédio lindíssimo, o Vittoriano, que recebe muitos turistas devido a exposições temporárias. As luzes dão um encanto à cidade noturna, que nesse momento se apresenta para o segundo ato do espetáculo, este mais glamoroso e convidativo. A Fontana di Trevi aparece no palco, e todas as luzes da cidade se voltam para ela. A água que jorra da fonte dos deuses parece mágica e capaz de envolver todos os desejos. Uma curiosidade: dizem que cerca de 4000 euros são arrecadados toda semana graças aos turistas que não hesitam em seguir a tradição de lançar uma moedinha para que possam assegurar seu retorno à cidade histórica.

Detalhe da Fontana di Trevi.

                                                                                          Pantheon.

Restava apenas um dia naquele lugar encantado. Ainda na dúvida sobre o que fazer para aproveitar os últimos momentos, dois lugares eram prioridade no nosso roteiro: o Pantheon e a Chiesa San Luigi dei Francesi. Passamos rapidamente por uma exposição de imigração italiana no Vittoriano, derretemo-nos por uma loja do Pinocchio todinha de madeira e almocei um spaghetti a carbonara. O Pantheon foi o grande templo pagão dos romanos, mas atualmente é um local cristão. Seu formato redondo era uma reverência ao deus Sol. O mais curioso lá dentro se encontra acima dos olhos: a abertura central do teto, que confere toda a luminosidade do ambiente. E sim, chove lá dentro! Grande surpresa também tive ao entrar na Chiesa San Luigi dei Francesi. Uma igreja pequena e comum, não fosse pela magnífica obra barroca presente no altar principal: La Vocazione di San Matteo, de Caravaggio. Eu já havia visto Caravaggio no Louvre, mas foi diante das pinturas da vocação que compreendi o que o diferenciava de todos os artistas. A iluminação de suas pinturas no jogo claro-escuro é inconfundível e de uma perfeição tamanha que sentimos como se uma lâmpada estivesse acesa na cena real. Meu dia já havia valido a pena.
         Despedimo-nos da cidade passando pela aconchegante Piazza Navona e seguindo pelo Corso Vittorio Emanuele, Piazza Venezia e Via Nazionale, até que chegamos à estação Termini novamente, onde tomaríamos um ônibus rumo ao aeroporto. Eu estava deixando Roma com a sensação de ter acabado de assistir a um filme que tem continuação. No mínimo uma trilogia. Eu sei que preciso voltar àquele lugar. Ao menos para matar a vontade do gelato e do caffè. Para visitar alguns museus. Para comprar roupas. Para viver o espetáculo mais uma vez e descobrir muitos outros tesouros...
         Uma dica: evitem passar a noite em um aeroporto!        

























Eu viveria para sempre em uma rua como esta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário